As ações que ganham e que perdem com a alta do dólar

setembro 05, 2018

Não há crise em que não existam oportunidades.

Pode-se falar, inclusive, que é nas crises que surgem as maiores oportunidades.

Por isso, é interessante saber que, com a moeda americana supervalorizada, alguns setores da economia tendem a ter resultados extraordinários, ao mesmo tempo em que outros setores podem ser fortemente impactados pela desvalorização do real.

De um modo geral, é possível afirmar que empresas exportadoras tendem a se beneficiar com a alta do dólar, que tende a afetar negativamente os resultados de empresas com grandes dívidas em moeda estrangeira ou cujos custos estão diretamente relacionados a moeda americana (exceto, nesses casos, quando se trata de uma empresa exportadora – a alta das receitas compensa a alta dos custos).

Salvo em algumas exceções, portanto, empresas de mineração, celulose, alimentos e de tecnologia aeroespacial tendem a ganhar com a supervalorização do dólar.

Companhias aéreas e empresas com dívida em dólar, por outro lado, são consideradas as perdedoras naturais.

Siderurgia e mineração

A maior parte das receitas de empresas de siderurgia e mineração é obtida por meio de exportações. Logo, com a valorização do dólar, as receitas dessas empresas tendem a aumentar, não apenas em razão da diferença cambial (para cada dólar ganho, ganha-se mais de 3 reais), mas também devido ao aumento das exportações (os produtos brasileiros tornam-se mais baratos, gerando mais vendas no exterior).
A receita da Vale (VALE3), por exemplo, está diretamente vinculada à moeda americana, ao mesmo tempo em que mais de 60% de seus custos são contabilizados em reais. A conta é simples: se o dólar está em R$ 2,00 e a empresa tem custos de R$ 80,00 para cada R$ 100,00 gerados (um lucro de R$ 20,00), a elevação de sua cotação para R$ 3,00 faz com que, para cada R$ 150,00 gerados, sejam despendidos apenas R$ 96,00 (um lucro de R$ 54,00).
É preciso atenção, porém, porque algumas empresas desse setor, como a Usiminas (USIM5), produzem principalmente para o mercado interno, embora a maior parte de seus custos esteja relacionada à moeda americana.

Papel e celulose

Empresas de papel e celulose, como a Suzano (SUZB5) e a Fibria (FIBR3), ganham em duas frentes: o papel produzido no Brasil passa a ser mais competitivo, quando comparado ao produto importado, e a celulose produzida no país, que atualmente é o que tem os menores custos de produção, passa a ser vendida lá fora por preços ainda mais baixos (no caso, mais baixos em dólares, em não em reais).
Assim como no setor de mineração, ganha-se com a variação cambial e com o aumento dos volumes de exportação.
Além disso, como a maior parte das receitas dessas empresas está relacionada à moeda americana (preço da celulosa em US$), o aumento da dívida, também em dólares, não gera grandes impactos em seus resultados (não há impacto financeiro, pois o aumento da receita compensa o aumento dos juros).

Alimentos e bebidas

No setor de alimentos e bebidas, nem todas as empresas tendem a se beneficiar com a alta do dólar. Afinal, muitas delas atendem apenas o mercado interno, de forma que a valorização da moeda americana não gera grandes impactos em seus resultados.
Algumas empresas do setor de alimentos, porém, podem ser beneficiadas pela desvalorização do real. É o caso das empresas agropecuárias, beneficiadas com as exportações, e dos frigoríficos, em que boa parte das receitas é originária do exterior.

Tecnologia aeroespacial

A grande representante desse setor é a Embraer (EMBR3), em que cerca de 90% das receitas são oriundas da exportação de jatos executivos e comerciais.
Mesmo que boa parte de sua dívida esteja indexada ao dólar, portanto, suas ações tendem a se valorizar com a elevação das receitas e o aumento das exportações.

Transporte aéreo

A maior parte das receitas de companhias aéreas, como a Gol (GOLL4), é gerada internamente, em reais, seja em voos nacionais ou em voos internacionais. Boa parte de suas despesas, no entanto, está diretamente relacionada à moeda americana, que gera impactos nos custos com querosene de aviação e nas dívidas das empresas do setor aéreo.

Outros setores

Serviços públicos

Empresas de energia elétrica e de saneamento tendem a ser pouco afetadas pela alta do dólar, já que suas receitas e despesas são contabilizadas em reais e não há grandes variações no consumo de energia ou de água com o aumento ou a queda da cotação de outras moedas.
É bom lembrar, porém, que algumas empresas (não muitas) podem ser impactadas com a elevação do custo com combustíveis (no caso, para termoelétricas) e de suas dívidas em moeda estrangeira.

Varejo, consumo e saúde

Por estarem ligados à economia doméstica, esses setores são pouco impactados pelo aumento das cotações da moeda americana.
Como em qualquer outro setor, no entanto, empresas com dívidas em dólar, como a Hypermarcas e a General Shopping podem ser fortemente impactadas pela variação de sua cotação.

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