P&R: Quanto eu devo investir em ações?

junho 21, 2017

“Atualmente, aplico na poupança e em alguns CDBs, e gostaria de começar a investir na Bolsa de Valores. Quanto eu devo investir em ações?”

Nossa, Júlia, essa pergunta é muito interessante.

Em primeiro lugar, se você está começando a investir no mercado de renda variável, deve começar com valores pequenos, para se acostumar com as frequentes altas e quedas das ações brasileiras.

Não importa se você tem R$ 10.000,00 para investir ou se tem R$ 1.000.000,00, você precisa entender que lucros e perdas são comuns, mesmo entre os investidores mais experientes.

E digo, por experiência própria, que você vai demorar alguns anos para compreender o que estou dizendo.

Afinal, quando comecei a investir, eu ficava muito feliz quando minhas operações eram encerradas com lucro e um pouco deprimido quando precisava registrar alguma perda.

Além disso, sempre que possível, eu consultava a cotação atual das minhas ações, para saber se estava tendo lucro ou prejuízo, e hoje sei que isso me deixava um pouco mal, ansioso sabe?

Mas, por outro lado, hoje eu também sei que essa sensação é natural para quem está começando a investir, tanto que atualmente não me importo muito se o mercado subiu ou caiu 2% ou 3%.

É claro, no entanto, que quedas bruscas, de mais de 15%, ainda me dão certa preocupação, mas posso dizer que há anos não deixo de dormir porque minhas ações caíram 20% ou 30% - no fim das contas, nas crises nascem as melhores oportunidades.

De toda forma, respondendo a sua pergunta, quando você começar a se sentir mais confiante, aí sim você deve pensar em como dividir o seu patrimônio entre a renda fixa e a renda variável.

Essa questão, aliás, é bem subjetiva.

Se você busca segurança e tranquilidade, a maior parte de seu patrimônio deve ser aplicada em títulos de renda fixa (Poupança, CDBs, LCIs, LCAs, Tesouro Direto). É o caso de pessoas mais velhas e que são responsáveis pelo sustento da família: não vale a pena arriscar grandes quantias ao comprar ações se você não dormirá tranquila.

Porém, se você está disposta a assumir maiores riscos, pode pensar em aplicar uma parcela maior de seu patrimônio na renda variável. É o caso de jovens, que ainda moram com os pais ou que estão entrando na vida adulta. Se eles quebrarem a cara nesse momento, vão sobreviver, e ainda aprenderão valiosas lições sobre investimentos e finanças pessoais.

Não existe, portanto, um percentual ideal para se investir em ações.

Como eu disse, você deve optar entre a segurança da renda fixa e a possibilidade de ganhos substanciais na renda variável.

Em todo o caso, existe uma fórmula que pode orientá-la nessa escolha: subtraia sua idade de 80, e assim descobrirá quanto investir em ações.

Confira:

20 anos ….. 80% - 20% = 60% em renda variável (e 40% em renda fixa)
25 anos ….. 80% - 25% = 55% em renda variável (e 45% em renda fixa)
30 anos ….. 80% - 30% = 50% em renda variável (e 50% em renda fixa)
35 anos ….. 80% - 35% = 45% em renda variável (e 55% em renda fixa)
40 anos ….. 80% - 40% = 40% em renda variável (e 60% em renda fixa)
45 anos ….. 80% - 45% = 35% em renda variável (e 65% em renda fixa)
50 anos ….. 80% - 50% = 30% em renda variável (e 70% em renda fixa)
55 anos ….. 80% - 55% = 25% em renda variável (e 75% em renda fixa)
60 anos ….. 80% - 60% = 20% em renda variável (e 80% em renda fixa)

Por exemplo, se você tem 20 anos, é jovem e está disposta a correr alguns riscos, você pode investir 60% de seu patrimônio em renda variável (80% - 20% = 60%). Se você tem 50 anos, porém, você não deveria assumir tantos riscos, de modo que deveria investir apenas 30% de seu patrimônio em renda variável (80% - 50% = 30%).

O mais interessante dessa estratégia é que ela pode ser utilizada para aproveitar os ciclos de alta e de baixa da bolsa de valores, ao mesmo tempo em que você reduz substancialmente os riscos de sofrer com as frequentes quedas do mercado acionário.

Isso porque, a cada seis meses ou um ano, você deve rebalancear suas aplicações. Isto é, se a cotação de suas ações subiu muito, venda algumas e aplique em renda fixa. Por outro lado, se a cotação de suas ações caiu muito, venda alguns títulos de renda fixa e compre mais ações.

Dessa forma, você, inconscientemente, venderá na alta e comprará na baixa, o que, devo dizer, é a melhor forma de ganhar dinheiro na bolsa de valores.

Como um exemplo vale mais do que mil palavras, confira:

Investidor 1) Em janeiro de 2007, João aplicou R$ 100.000,00 em títulos de renda fixa, que lhe renderiam 100% da taxa CDI. Ao final de 2007, seu patrimônio era de cerca de R$ 111.800,00. No fim de 2008, seu patrimônio era de aproximadamente R$ 125.600,00. Em dezembro de 2009, seu patrimônio era de pouco mais de R$ 138.000,00 (um ganho de 38%, portanto).

Investidor 2) Em janeiro de 2007, José aplicou R$ 100.000,00 em ações da bolsa brasileira. Ao final de 2007, seu patrimônio era de cerca de R$ 143.500,00 (ótimo, não?). No fim de 2008, seu patrimônio era de aproximadamente R$ 84.400,00 (eita!). Em dezembro de 2009, seu patrimônio era de pouco mais de R$ 154.000,00 (ufa!).

Investidor 3) Em janeiro de 2007, Mário aplicou R$ 50.000,00 em títulos de renda fixa e R$ 50.000,00 em ações da bolsa brasileira. Ao final de 2007, seu patrimônio era de cerca de R$ 127.700,00, quando José vendeu algumas ações e comprou títulos de renda fixa. No fim de 2008, seu patrimônio era de aproximadamente R$ 109.311,00, quando José vendeu alguns títulos e comprou mais ações, aproveitando que estavam muito baratas. Em dezembro de 2009, seu patrimônio era de quase R$ 160.000,00.

Deixando-se de lado o fato de que Mário foi o investidor que obteve os melhores resultados, você percebeu a diferença entre os riscos assumidos por Mário e José?

Em 2008, Mário pode dormir tranquilo, sabendo que metade de seu patrimônio estava protegida contra altas e quedas que impactaram a maior parte dos investidores. José, por outro lado, passou meses sem dormir, vendo suas economias derreterem.

Aproveite a visita e confira:

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