Você realmente precisa de um carro?

agosto 14, 2019

Há alguns anos escrevi o seguinte artigo:


Depois de conversar com alguns amigos e de utilizar o Uber em diversas viagens, porém, percebi que precisava discutir novamente a questão.

Por isso, hoje analisaremos se você realmente precisa de um carro.


Sob o aspecto financeiro, um automóvel pode gerar mais despesas que um filho. E isso, infelizmente, não é uma piada.

Vejamos o exemplo de um carro adquirido por R$ 60.000,00 e que será utilizado por 4 anos.

Ao sair da concessionária, seu carro perde, no mínimo, 10% de seu valor de mercado e, ao ser utilizado, seu valor de mercado é reduzido em cerca de R$ 150,00 por mês (0,25% do custo de aquisição). Em um ano, portanto, considerando-se apenas a depreciação, seu carro lhe gera as seguintes despesas:

Depreciação ao sair da concessionária (dividida por 4 anos): (R$ 1.500,00)
Depreciação após um ano de uso: (R$ 1.800,00)

Além das despesas com depreciação, porém, há muitos outros gastos gerados por um automóvel, mesmo quando utilizado apenas nas tarefas do dia a dia:

Gasto com combustível em um ano (600km por mês e 12km/l): (R$ 2.400,00 - R$ 200,00/mês)
Impostos e taxas (IPVA, licenciamento, seguro obrigatório): (R$ 1.600,00)
Manutenção (revisões periódicas, lâmpadas, óleo, etc): (R$ 800,00)

* Considerou-se o consumo médio de um carro popular (estrada + cidade) e o custo médio da gasolina (R$ 4,00).
** Considerou-se um IPVA de apenas 2% (em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o IPVA é de 4%, de modo que, para fins de comparação, você pode simplesmente dobrar os gastos com impostos e taxas – para R$ 3.200,00).

Gasto total anual, incluindo a depreciação ao sair da concessionária: R$ 8.100,00 (R$ 9.700, se você mora em São Paulo ou no Rio de Janeiro).

Aliás, nessa simulação não foram incluídas as despesas com seguro (R$ 2.000,00) e com estacionamentos, que, nas grandes cidades, pode chegar a R$ 20,00 por hora. Como não sabemos se você utiliza ou não estacionamento, porém, vamos contabilizar apenas o seguro, que você naturalmente precisa ter:

Seguro: (R$ 2.000,00)

Sendo assim, em um ano, você gastou com seu carro nada menos que R$ 10.100,00 (R$ 11.700, se você mora em São Paulo ou no Rio de Janeiro).

Quantas corridas de táxi você poderia fazer com R$ 10.100,00? E de Uber?

Considerando-se, por exemplo, um custo por viagem de R$ 20,00 (em alguns casos, dependendo da distância, ela não chega a R$ 10,00), você poderia fazer 505 viagens em um ano. Isto é, daria para ir e voltar de seu trabalho de Uber, todos os dias, e ainda sobrariam viagens para fazer nos fins de semana.

Ahhh… E isso sem falar no custo de oportunidade!

Com os R$ 60.000,00 depositados na caderneta de poupança, você ganharia, a título de juros, cerca de R$ 2.500,00 em um ano.

Ou seja, o seu carro, comprado à vista, lhe custa, em despesas e em perda de oportunidades, apenas R$ 12.600,00 (R$ 10.100,00 + R$ 2.500,00) por ano!

Se o seu carro fosse comprado por meio de financiamento, então… Jesus…

Pois bem, dito isso, vamos analisar algumas situações em que um carro de fato faz falta e outras em que trata-se de mera comodidade ou status.

a) Eu tenho um filho, por isso preciso de um carro.

De fato, se você tem um filho, um carro realmente faz falta. Sobretudo se ele for pequeno. Não dá para ficar dependendo de Uber, de táxi ou de ônibus para levá-lo à escola, ao médico, para passear…

Nesse caso, portanto, eu sinceramente acho que, se você tem condições, deveria comprar um carro. Mas atenção: se você tem condições! Nada de se endividar se hoje você sequer consegue guardar dinheiro.

b) Eu preciso de um carro porque tenho que fazer compras no supermercado.

Sério mesmo? Essa é a sua desculpa? Lembre-se: uma viagem relativamente longa de Uber custa menos de R$ 20,00. E, considerando a quantidade de mercados que temos hoje... A ida e a volta não custarão nem R$ 20,00.

c) Eu preciso de um carro porque não moramos em uma grande cidade e o transporte público não é muito bom (há apenas um ônibus por hora).

No interior, e quando as viagens diárias são muito longas, não dá para contar com o Uber ou com um táxi.

Em uma emergência, então, um carro sempre é bem-vindo.

Mas, se você mora em algum local bem povoado e costuma fazer a maior parte dos trajetos a pé ou de bicicleta, usando o carro apenas nos fins de semana, certamente ele não é muito necessário, não é mesmo? Nesse caso, a oferta de ônibus, comuns e executivos, e de motoristas de aplicativo deve ser mais do que suficiente para atender suas necessidades.

d) Eu preciso de um carro porque às vezes preciso viajar.

Bom, nessa situação, temos casos e casos.

Se você faz viagens longas, com grande frequência, um automóvel realmente é necessário.

No entanto, se você faz uma viagem por mês, por exemplo, nada o impede de alugar um carro. Na maioria das vezes, aliás, sai até mais barato e você se incomoda menos.

e) Eu sou jovem, então… Bem, preciso de um carro.

É, nessa você ganhou. Você realmente precisa de um carro.

Apenas lembre-se: se beber, não dirija!

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Para concluir, vamos fazer uma rápida reflexão, relacionada à compra de um novo automóvel.

Eu sei, é claro, que em muitas cidades brasileiras o transporte público ou é de péssima qualidade ou não é acessível, mas em muitos casos pode ser adotado sem grandes dificuldades.

Quantas pessoas moram a 1km, 2km ou 3km do trabalho e vão todos os dias, sozinhas, de carro?

Por essa razão, você deve verificar se não é possível ir a pé, de bicicleta ou de ônibus para a universidade ou para o trabalho. Além de ser mais barato, é mais saudável.

Por outro lado, se você é casado e já há um automóvel na família, você deveria se perguntar se é realmente necessário comprar um segundo ou terceiro carro.

A mesma pergunta deve ser feita se você ainda mora com seus pais.

Você, seus pais e sua esposa não podem adaptar seus horários, para que um possa dar carona ao outro para ir ao trabalho ou à universidade? Ou para que você possa utilizar o carro da família quando ninguém estiver utilizando?

Se você é casado, por exemplo, a maior parte dos programas será feita junto com sua parceira, e, se você ainda mora com seus pais, é bem provável que eles não estejam utilizando o veículo da família quando você quiser sair e se divertir com os amigos.

Enfim, é isso ai! O que acharam? Não deixem de escrever sua opinião nos comentários.

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