Crash: uma breve história da economia

fevereiro 26, 2020

Sério, pessoal, me perdoem por ainda não ter sugerido a leitura do livro “Crash: uma breve história da economia”. Ela é fascinante!

Nele, com uma linguagem simples e nada monótona, Alexandre Versignassi mostra ao leitor um pouquinho sobre a evolução da economia, desde a Grécia Antiga até o Século XXI.


As partes mais interessantes, na minha humilde opinião, são aquelas que tratam das crises econômicas, pois demonstram como a estupidez humana vem se repetindo ao longo dos séculos e repercutindo na vida de pessoas que muitas vezes sequer ouviram falar da bolsa de valores.

A título de exemplo, posso citar a crise do mercado de flores do século XVII, por meio da qual se torna muito fácil explicar as crises financeiras do século XXI.

Assim que as tulipas foram trazidas da Turquia e caíram no gosto das classes mais abastadas da Europa, os floristas holandeses passaram a plantá-las a rodo para abastecer esse novo mercado.

Pouco tempo depois, no entanto, surgiu na Holanda uma espécie de vírus que contaminava as tulipas e as deixava fraquinhas e com uma coloração diferenciada, tornando-as ainda mais belas e cobiçadas.

Esse vírus, porém, não atacava todas as tulipas, mas apenas algumas plantas, que logo se tornaram raras e desejadas. Eram tão exclusivas, na verdade, que um botão de tulipa, na época, custava o mesmo que uma casa em Amsterdã.

Seu preço alto, com efeito, puxou para cima a cotação de todas as outras tulipas: bastava ser uma tulipa e não faltaria gente disposta a pagar fortunas para adquiri-la.

Sendo assim, as tulipas, que até então eram negociadas na primavera, quando os bulbos floresciam, passaram a ser negociadas até mesmo no inverno, por meio de contratos que davam a seu titular o direito ao valor eventualmente gerado com a venda das flores.

Pessoas passaram a comprar bulbos aos montes na esperança de vender mais caro quando a primavera chegasse, e isso era aparentemente um bom negócio, já que os preços desses contratos não paravam de subir.

Alguém que tivesse pago 100 florins por um desses contratos, por exemplo, poderia vendê-lo mais tarde por 110 florins, tendo um lucro de 10%.

Muitos, inclusive, tomavam empréstimo para adquirir mais bulbos, lucrando sem sequer ter investido nada. Era possível tomar um empréstimo pela manhã, comprar uma tulipa antes do almoço, vendê-la a tarde, pagar o empréstimo e os juros antes do jantar e ainda assim sair com um lucro substancial.

Era incrível: você aplicava o que tinha guardado para dar entrada em uma casa e, em pouco tempo, já tinha o suficiente para comprar a casa, à vista.

Nunca tinha sido tão fácil fazer dinheiro e todo mundo queria entrar nessa.

Pois bem, a especulação crescia e o preço das tulipas também.

No auge do boom, em 1636, as tulipas mais raras viram seu preço subir 300%, de 2 mil florins para 6 mil florins. As mais comuns, por sua vez, viram seus preços explodirem, passando de 20 florins para 225 florins, e, em um ano, o preço de uma tulipa comum saltou mais de 1.000%.

Os preços subiram, subiram, subiram, e atingiram valores absurdos, sendo que uma simples tulipa chegou a custar o equivalente a 25 mil toneladas de manteiga.

Como em toda bolha, no entanto, o mercado só se sustentaria se os preços continuassem subindo, e não havia mais tanta gente disposta a pagar o preço de uma mansão para exibir uma simples florzinha.

Na realidade, não havia mais demanda alguma por tulipas, e, de acordo com Alexandre Versignassi, as pessoas continuavam a comprá-las por valores extorsivos na esperança de que surgisse alguém “mais otário” lá na frente disposto a pagar ainda mais por elas.

Como bem destacado pelo autor, no entanto, os otários também são um recurso finito e uma hora começou a faltar compradores.


Quem tinha vendido a casa, aplicado suas economias ou contraído grandes empréstimos, para investir no dinheiro fácil que as tulipas estavam proporcionando, se viu com as calças na mão de uma hora para a outra: os contratos tinham virado títulos podres, não valiam mais nada.

Pois bem, seguem os dados do livro “Crash: uma breve história da economia”:

Título: Crash: uma breve história da economia
Autor: Alexandre Versignassi
Editora: LeYa/HarperCollins (dependendo da edição)
Número de páginas: 352
Preço: R$ 30,00 a R$ 40,00

Sinopse:

Dinheiro é um mecanismo engenhoso: permite que a manicure compre o pão sem ter de fazer as unhas do padeiro. Sim, se você prestar atenção, vai ver que as notas, as moedas e os números que aparecem no saldo da sua conta são entidades abstratas, quase mágicas. Elas são feitas de tempo. Ao receber dinheiro de alguém, você está ganhando partículas do tempo que esse alguém dedicou a outra tarefa, para outra pessoa. Genial. Mas o que o dinheiro tem de brilhante, a economia tem de insana. Na Roma Antiga, inventaram um congelamento de preços desastroso – no Brasil também. Na Holanda do século 17, uma bolha especulativa fez com que uma flor valesse o preço de uma casa. Em 2017, meia dúzia de bitcoins compravam um apartamento. Crash faz um passeio por 12 mil anos de civilização e traça paralelos entre o passado e o presente para explicar como funcionam as moedas, a inflação, o câmbio, o indo e vindo infinito de euforia e depressão na economia. E não menos importante: decifra o universo das ações, das criptomoedas, do Tesouro Direto, dos fundos de investimento. Também elucida as estratégias dos grandes investidores e as picaretagens dos aproveitadores. Com este livro, você vai entender como a história, a psicologia e até a biologia explicam a saga do dinheiro. E saber melhor o que fazer com o seu.

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