Antes de começar a investir, você precisa constituir uma Reserva para Emergências, que protegerá a sua família contra os inúmeros imprevistos que acontecem ao longo de nossas vidas.

Se você é autônomo, por exemplo, sabe que os seus rendimentos podem variar significativamente: há meses em que você trabalhará mais e ganhará um bom dinheiro, mas há meses em que, por diversos motivos, você ganhará um pouco menos.

Se você é empregado de uma empresa privada, por outro lado, sabe que pode ser demitido a qualquer momento, de forma que, de uma hora para a outra, você pode ficar sem o seu sustento e o sustento de sua família.

Mesmo os servidores públicos, aliás, não podem se dar ao luxo de não constituir ao menos um pequeno colchão de segurança, ainda que gozem de relativa estabilidade e raramente sejam demitidos (Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que começaram a atrasar os salários de servidores e aposentados, são exemplos de que até mesmo os servidores públicos podem ser surpreendidos no futuro).

Além disso, seja na iniciativa privada ou no serviço público, temos que considerar diversos eventos que podem impactar a nossa vida, bons e ruins, como um acidente de trânsito, uma doença repentina ou mesmo o inesperado aumento de nossas famílias, com a chegada de um novo bebê.

Imagine, por exemplo, que você invista todas as suas economias na Bolsa de Valores e que, de uma hora para a outra, haja uma queda de 30% no valor de suas ações.

Um investidor precavido, sabe que essa queda é passageira e que logo recuperará o dinheiro perdido. 

Um investidor que arriscou tudo, porém, entrará em desespero, porque, se precisar usar o dinheiro investido para cobrir alguma despesa extraordinária, amargará um prejuízo de no mínimo 30%.

Em todo o caso, o que quero dizer é que, antes de investir, você deve separar o dinheiro que você precisará usar caso algum imprevisto aconteça.

Feito isso, você deve começar a se preocupar com a diversificação de seus investimentos, sobre a qual falaremos a seguir.

Afinal, diversificando suas aplicações, você reduz substancialmente o risco de perder suas economias.

Suponha, por exemplo, que você só invista em ações e que todas as suas economias estejam aplicadas em ações da Petrobras, uma empresa com tecnologia de ponta e que domina a exploração de petróleo no Brasil.

Como você se sentiria ao ver que o preço de suas ações despencou de R$ 23,36, em agosto de 2014, para R$ 4,46, em fevereiro de 2016? Uma queda de míseros 81%…

Como você se sentiria se, em fevereiro de 2016, precisasse resgatar parte do dinheiro investido, em 2014, em uma das maiores empresas do país?

Pois é, mesmo as empresas mais sólidas podem apresentar problemas e eventualmente quebrar.

A Vale, queridinha dos investidores, também passou por um sufoco quando uma das barragens de sua subsidiária, a Samarco, rompeu em novembro de 2015, justamente em um momento em que a estabilidade econômica e política do país estava em cheque.

Por outro lado, suponha que você só invista em ações e que tenha investido em uma carteira diversificada: no mesmo período (agosto de 2014 a fevereiro de 2016), a carteira teórica de ações que acompanha o Ibovespa desvalorizou apenas 24% (contra os 81% da Petrobras).

Aposto que você estaria muito mais tranquilo.

Então, se, em agosto de 2014, você tivesse investido metade do seu patrimônio em renda fixa e metade em renda variável, quanto de prejuízo você teria acumulado até fevereiro de 2016?

Quase nada: teria amargado um prejuízo de apenas 3% e estaria dormindo como um bebê.

É, acho que você já entendeu o porquê de diversificar suas aplicações.

Por isso, está na hora de entender que existem dois níveis de diversificação.

No primeiro nível, diversifica-se o patrimônio entre mercados diferentes, que não serão impactados pelos mesmos fatores.

Trabalhamos aqui no blog com aplicações em renda fixa, renda variável e imóveis, mas existem outros investimentos que podem ser levados em consideração pelo investidor, como aplicações em moedas estrangeiras e em um negócio próprio.

E é justamente nesses mercados que você deve dividir suas economias.

Há algum tempo, ao responder a pergunta de uma leitora sobre como dividir seu patrimônio entre a renda fixa e a renda variável (clique aqui para conferir a resposta), citei o seguinte exemplo, que resume com perfeição o que denomino como primeiro nível de diversificação:

A seu turno, no segundo nível de diversificação, adotam-se opções diferentes dentro de um mesmo mercado.

Na renda fixa, por exemplo, você pode dividir suas aplicações entre a poupança, CDBs, LCIs, LCAs e títulos públicos, e escolher entre títulos atrelados à taxa Selic, a uma taxa de juros pré-fixada ou ao IPCA.

Na renda variável, por sua vez, você não deve colocar todas as suas fichas em uma única empresa. Preferencialmente, aliás, invista em empresas de setores diferentes, expostas a riscos diferentes, a não ser, é claro, que você de fato saiba o que está fazendo.

Em 2012, por exemplo, uma medida desastrosa de Dilma Rousseff, a pior presidente de nossa história recente, derreteu as cotações das empresas do setor de energia elétrica, ao mesmo tempo em que não impactou outros setores da bolsa brasileira.

Por fim, no que diz respeito aos imóveis, a sua diversificação é um pouco mais difícil, devido a seu alto valor.

Ou seja, se você decidir comprar um apartamento para alugar, por exemplo, não terá jeito: terá apenas um imóvel e ponto final, sem diversificação.

No entanto, você sempre pode optar pelos Fundos de Investimento Imobiliário, que são negociados como ações e funcionam como condomínios, em que os investidores recebem mensalmente os alugueis pagos pelos inquilinos do fundo.

Ah, e não posso esquecer de mencionar isso! No fim das contas, está no título desta publicação:

Se seu capital é pequeno e você tem apenas R$ 10.000,00 investidos em ações, por exemplo, talvez não seja a hora de diversificar seus ativos.

Os custos provavelmente não compensarão a segurança gerada e, como você está começando a entender como funciona o mercado de ações, o acompanhamento de várias cotações e gráficos pode deixar você confuso.

A partir do momento em que você tiver, digamos, R$ 30.000,00 investidos em ações, você pode começar a dividir seu capital, entre duas empresas diferentes, aplicando em cada uma R$ 15.000,00, ou mesmo entre três empresas diferentes, aplicando em cada uma R$ 10.000,00.

Em todo o caso, sugiro não acumular mais do que 7 ou 8 ativos diferentes dentro de um mesmo mercado, já que você certamente não conseguirá acompanhar todas as empresas e fundos no qual investiu.

O controle de dividendos/rendimentos será difícil e a sua declaração de ajuste anual será, no mínimo, trabalhosa.